Mundo – Imagine um mundo onde mamutes-lanosos, extintos há cerca de quatro mil anos, voltam a caminhar pelas tundras geladas do Ártico. Esse cenário, que parece saído de um filme de ficção científica, está mais próximo da realidade graças a um avanço revolucionário anunciado pela Colossal Biosciences, uma empresa americana dedicada a trazer espécies extintas de volta à existência. Nesta quarta-feira (5), a companhia revelou a criação de camundongos geneticamente modificados com pelos longos e ondulados, reminiscentes dos majestosos mamutes, marcando um marco significativo em seu ambicioso projeto.
O mamute-lanoso, um gigante pré-histórico que reinava nas regiões frias do planeta, não era apenas um símbolo da era glacial. Ele desempenhava um papel ecológico vital, compactando o solo com seus passos e ajudando a conter a liberação de dióxido de carbono das camadas de permafrost. A missão da Colossal Biosciences vai além da curiosidade científica: a “ressurreição” desses animais poderia restaurar esse equilíbrio ambiental perdido e oferecer uma nova arma contra o aquecimento global.
Para chegar a esse ponto, os cientistas da Colossal mergulharam em um trabalho minucioso de engenharia genética. Comparando o genoma de mamutes preservados em gelo com o de seus parentes vivos, como os elefantes asiáticos, a equipe identificou as variantes genéticas responsáveis por características distintivas da espécie extinta. O foco principal foi nos genes que determinam o comprimento, a espessura, a textura e a cor do pelo, além do metabolismo da gordura — adaptações cruciais que permitiam aos mamutes sobreviver às temperaturas extremas da última era glacial.
O resultado? Camundongos de laboratório que, à primeira vista, parecem ter saído de um passado distante. Esses roedores exibem uma pelagem densa e ondulada, semelhante à dos mamutes, e um metabolismo acelerado de gordura, que os tornaria mais aptos a enfrentar o frio — pelo menos em teoria. “É um passo monumental rumo ao nosso objetivo final”, celebrou a equipe da Colossal em comunicado oficial. Entusiasmo e cautela.
Apesar da empolgação, o avanço vem com ressalvas. Especialistas independentes apontam que a pesquisa, ainda não revisada por pares, deixa questões em aberto. A pelagem modificada dos camundongos realmente os protege do frio? Quais são os efeitos dessas mutações genéticas na saúde dos animais a longo prazo? “É um progresso fascinante, mas não devemos tirar conclusões precipitadas sobre a viabilidade de trazer mamutes de volta”, alerta um geneticista não afiliado ao projeto, que preferiu não se identificar.
A Colossal, no entanto, mantém o otimismo. Com bilhões de dólares em investimentos e uma visão ousada, a empresa planeja dar um salto ainda maior: introduzir os primeiros bezerros de mamute-lanoso até 2028. O processo envolveria a inserção de DNA modificado em embriões de elefantes asiáticos, que serviriam como “mães substitutas” para os futuros mamutes. Um futuro com passado.
Se bem-sucedida, a iniciativa da Colossal Biosciences não apenas reescreveria os limites da ciência, mas também poderia transformar a luta contra as mudanças climáticas. A volta dos mamutes ao Ártico poderia revitalizar ecossistemas degradados, ajudando a estabilizar o permafrost e reduzir emissões de gases de efeito estufa. Para a empresa, trata-se de um exemplo de como a tecnologia pode resgatar o passado para salvar o futuro.
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Fonte: Gomes/ CM7