Segundo delação de Mauro Cid, o encontro na casa de Braga Netto teria servido para discutir ações no sentido de gerar “caos social”
Material obtido pela Polícia Federal (PF) durante a investigação de suposto plano de golpe no fim de 2022, cujo objetivo era impedir a posse do então presidente eleito Lula (PT), mostram troca de áudios entre Kids Pretos sobre reunião em que teria sido discutido plano contra Lula, Alckmin e Moraes.
O encontro teria sido organizado na casa do general Walter Braga Netto, em 12 de novembro de 2022. Nesse dia, o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) envia áudio para Rafael Martins de Oliveira indicando que fosse para a “112 Sul”, onde Braga Netto morava, em Brasília.
“De Oliveira, ou vai lá para o [Palácio da] Alvorada, tá, que eu to chegando lá, ou vai para a 112 Sul, bloco B. A gente se encontra lá, o que ficar melhor para vocês aí”, afirmou ao interlocutor. Ele responde: “Blz”.
Pouco depois, no mesmo dia, o militar Hélio Ferreira Lima também envia áudio para Cid falando que “tamo chegando na 112”.
Em seguida, Ferreira Lima, utilizando o jargão militar, segundo a PF, pede mais alguma orientação a Cid, demonstrando não saber exatamente onde seria realizado o encontro. Diz: “Tamo aqui cara. Tem mais algum ponto aí nessa pista de orientação ou não?”.
Mauro Cid, então, responde que estava chegando e pergunta se estão em frente ao “Bloco B”. Ferreira Lima diz: “Tamo na banca de revista aqui na, na esquina do Bloco B”.
De acordo com relatório da PF sobre o caso, no dia da reunião na residência de Braga Netto, foi apresentado e aprovado planejamento para a tentativa golpista.
“Os elementos probatórios evidenciaram que os investigados ajustaram no dia 8/11/2022 a elaboração de um planejamento operacional para ações de Forças Especiais a ser apresentado para o general Braga Netto. O documento denominado ‘punhal verde amarelo’ foi elaborado e impresso no dia 9/11/2022, no Palácio do Planalto, pelo [então] Secretário-executivo da Secretaria-geral da Presidência, general Mario Fernandes”, afirma o documento.
No material coletado pela corporação ao longo da apuração, também foi identificado áudio em que Fernandes diz que teria discutido com Bolsonaro possíveis datas para o golpe.
O áudio teria sido enviado a Cid em 8 de dezembro de 2022, depois de Lula (PT) e Alckmin terem vencido a eleição contra Bolsonaro. Segundo Fernandes, ele diz que conversou com o então presidente, que teria citado o dia 12 e dito que a data “não seria uma restrição”.
“Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo.”
Em delação premiada, Cid afirmou que a reunião do dia 12 de novembro teria discutido ações para “gerar caos social”. A informação consta na denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República na semana passada, que denunciou Cid, Bolsonaro e outros 32 aliados.
Portal SGC