Início POLICIAL Bolo envenenado: Justiça prorroga prisão temporária de suspeita

Bolo envenenado: Justiça prorroga prisão temporária de suspeita

A prisão temporária é uma medida cautelar utilizada para garantir o bom andamento das investigações.


A Justiça prorrogou a prisão temporária de Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar um bolo que resultou na morte de três pessoas em Torres, no Rio Grande do Sul. A decisão foi deferida nesta sexta-feira (31), atendendo ao pedido do delegado responsável pelo caso. A prorrogação da prisão temporária de Deise indica que a investigação ainda está em andamento e que a polícia precisa de mais tempo para concluir as diligências necessárias.

Deise está presa desde o dia 5 de janeiro, acusada de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio. A prisão temporária é uma medida cautelar utilizada para garantir o bom andamento das investigações.

A polícia continua investigando o caso, incluindo a possibilidade de outras vítimas de envenenamento por parte de Deise. Todas as mortes por intoxicação no círculo de convivência de Deise estão sendo investigadas. Há suspeitas de que o pai de Deise, José Lori da Silveira Moura, que morreu em 2020, também possa ter sido envenenado por ela. A polícia também investiga se Deise envenenou seu marido e filho, cujos exames de urina deram positivo para arsênio.

Relembre o caso

O caso envolvendo um bolo envenenado com arsênio ganhou notoriedade após a morte de três mulheres e o envenenamento de outras duas pessoas que consumiram um bolo contaminado com arsênio em uma confraternização familiar na véspera de Natal de 2024, em Torres.

As vítimas fatais do bolo foram Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice da Silva, irmãs da sogra de Deise, e Tatiana Denize, sobrinha da sogra. A sogra de Deise, Zeli dos Anjos, também foi envenenada mas sobreviveu, assim como um sobrinho-neto.

A polícia também confirmou que o sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, morreu envenenado por arsênio três meses antes do incidente do bolo. Deise é suspeita de envenenar seu sogro com arsênio colocado em leite em pó.

A polícia aponta que as motivações de Deise para os envenenamentos seriam desavenças familiares, ciúmes e ressentimentos, tendo a sogra, Zeli dos Anjos, como principal alvo.

Zeli relatou que Deise a copiava no modo de vestir e se arrumar e a chamava de “Naja”. A sogra também fez um teste no Instagram que apontou características de psicopatia em Deise. Além disso, a polícia descobriu que Deise tinha uma rixa com a prima Tatiana Denize.

De acordo com os investigadores, Deise tentou manipular a família para encobrir a morte do sogro, tentando cremar o corpo e alegando que a intoxicação poderia ter sido causada por uma banana que o neto havia levado. A polícia também descobriu que Deise pesquisou sobre arsênio na internet antes dos crimes, tentou apagar suas pesquisas e recebeu a substância pelos Correios.

Com a prorrogação da prisão temporária, a polícia pretende concluir as investigações e reunir mais provas para incriminar Deise. A defesa de Deise também informou que contratará uma perícia particular para analisar os exames e documentos da investigação.

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Em 2020, José Lori da Silveira Moura, pai de Deise, morreu aos 67 anos em Canoas, supostamente por cirrose. A polícia suspeita que Deise o tenha envenenado gradualmente com pequenas doses de arsênio ao longo do tempo e planeja exumar o corpo para confirmar a hipótese.

De acordo com a polícia, as investigações mostraram que a suspeita fez a compra de arsênio ao menos duas vezes, entre esse e o próximo evento, por ora, registrado alguns anos depois.

Em setembro de 2024, Paulo Luiz dos Anjos morre por uma suposta intoxicação alimentar. Um dia antes, filho e nora haviam visitado Paulo em sua residência. Após a exumação do corpo, o Instituto Geral de Perícia (IGP) identificou que um leite em pó, envenenado com arsênio, foi o que causou a morte do sogro de Deise.

Ainda sobre a aquisição do arsênio, os investigadores identificaram duas aquisições entre setembro e dezembro de 2024.

Neste período, após a morte do sogro, Deise tenta manipular a família dizendo que a causa da intoxicação poderia ser uma banana que Diego dos Anjos, filho de Paulo e Zeli, havia levado. Com isso, de acordo com a polícia, a suspeita tenta evitar a perícia do corpo.

Em 23 de dezembro de 2024, Zeli dos Anjos prepara um bolo para uma confraternização familiar. As investigações indicam que a farinha utilizada no preparo, que estava contaminada com arsênio, poderia ter sido ingerida em outro evento, com as amigas de Zeli, dias antes do café da tarde em família. O evento só não aocnteceu porque algumas pessoas desmarcaram, e as ausências cancelaram o encontro.

Seis pessoas da família consomem o bolo envenenado, sendo elas: Zeli, suas irmãs Neuza e Maida, sua sobrinha Tatiana, seu sobrinho-neto Matheus. Apenas Jefferson, marido de Neuza, não foi hospitalizado.

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Na madrugada de 24 de dezembro, Neuza e Maida faleceram após ingerirem um bolo com arsênio, enquanto Tatiana, Matheus e Zeli foram hospitalizados em estado grave.

Em 25 de dezembro, Tatiana não resistiu e morreu. Matheus e Zeli permaneceram hospitalizados. No mesmo dia, a perícia esteve no imóvel, onde o bolo foi consumido, em uma casa em Arroio do Sal (RS), onde o alimento foi feito.

Em 3 de janeiro, Matheus, sobrinho-neto de Zeli, recebe alta do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres (RS).

Em 5 de janeiro de 2025, Deise Moura dos Anjos foi detida preventivamente por triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.

Em 6 de janeiro, a perícia descartou intoxicação por degradação de alimentos por alta quantidade de arsênio encontrado em amostras, coletadas das vítimas. A investigação policial revelou a presença de arsênio no bolo e na farinha utilizada. A perícia confirmou que a substância tóxica foi adicionada intencionalmente à farinha.

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Em 8 de janeiro, a CNN apurou que a polícia exumou o corpo de Paulo Luiz dos Anjos para investigar a causa de sua morte. A perícia confirmou que ele também consumiu arsênio, reforçando a suspeita de que Deise o envenenou.

Nos dias seguintes, as investigações passaram a apurar a hipótese de que Deise dos Anjos tenha tentado envenenar outras pessoas do seu convívio.

Na terça-feira (14), a CNN apurou que a perícia avalia um pastel levado por Deise para sua sogra, Zeli dos Anjos, enquanto ela estava internada.

Portal SGC

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