As exportações de produtos e subprodutos de madeira do Estado do Pará apresentaram uma retração nos primeiros dez meses de 2024. Segundo os dados compilados e divulgados pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), com base em relatórios do Ministério de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor das exportações caiu 7,12%, somando US$ FOB 180.920.360, enquanto a quantidade exportada também teve uma diminuição de 7,30%, totalizando 207.383.293 Kg, quando comparado ao mesmo período de 2023.
No mês de outubro, as exportações paraenses de madeira e seus derivados totalizaram US$ FOB 17.809.707 e 17.838.082 Kg, registrando uma queda de 12,72% no valor e 51,86% na quantidade em relação a setembro. No entanto, o preço médio por tonelada apresentou uma valorização de 34,72%, subindo para US$ FOB 998,40/ton.
Apesar da queda geral, um dos segmentos que se destacou foi o da madeira perfilada (NCM 44.09), que apresentou crescimento tanto no valor quanto na quantidade exportada. Este produto, com maior valor agregado, representou 70,40% do total das exportações de madeira do Estado, somando US$ FOB 127.385.293. A madeira perfilada tem como principal destino os Estados Unidos, que compraram 53,81% do total exportado, ou US$ FOB 68.554.393.
Os Estados Unidos continuam sendo o principal parceiro comercial do Pará no setor de madeira, com uma participação de 42,27% nas exportações totais do Estado, o que corresponde a US$ FOB 76.476.839 de janeiro a outubro de 2024. Esse desempenho reflete, em parte, a recuperação econômica dos EUA, impulsionada pela redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (FED) desde setembro, o que tem favorecido a construção de novas moradias e o consumo, dois setores que demandam grandes volumes de madeira.
Para o consultor técnico da Aimex, Guilherme Carvalho, a análise dos dados de exportação de madeira do Pará revela um cenário misto para o setor. “Embora tenhamos observado uma retração no valor e na quantidade exportada nos primeiros dez meses de 2024, com quedas de 7,12% no valor e 7,30% na quantidade, o desempenho de alguns produtos demonstra resiliência”, disse ele.
“O destaque positivo fica por conta da madeira perfilada, que, com seu maior valor agregado, mostrou crescimento. Esse produto tem sido cada vez mais valorizado no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, que continuam a ser o principal destino das exportações paraenses, absorvendo mais de 50% da madeira perfilada exportada”, acrescentou Carvalho.
Segundo ele, é importante também ressaltar que, apesar da queda nas exportações totais em outubro, o aumento no preço médio por tonelada, que subiu 34,72%, aponta para uma valorização do produto. Esse fenômeno reflete uma dinâmica de mercado que, mesmo diante de quedas nas quantidades exportadas, consegue gerar maior retorno financeiro.
“O que estamos vendo é uma adaptação do setor a um contexto global de desafios econômicos, mas também de oportunidades, especialmente com a recuperação econômica nos Estados Unidos e a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve. Isso deve continuar impactando positivamente o consumo de madeira, que é um insumo essencial para os setores de construção e consumo nos EUA. Portanto, apesar das dificuldades, o setor de madeira do Pará continua a ser competitivo e tem potencial para se recuperar nos próximos meses, desde que se mantenha atento às tendências de demanda e ao fortalecimento da economia global”, finalizou o consultor técnico da Aimex.
Ana Laura Carvalho
Jornalista