A umidade do solo das principais bacias hidrográficas para geração de energia elétrica no Brasil alcançou o nível mais seco em quase 20 anos
A umidade do solo nas principais bacias hidrográficas para geração de energia elétrica no Brasil alcançou o nível mais seco em quase 20 anos, segundo o monitoramento da London Stock Exchange Group (LSEG). Essa condição resulta de uma sequência de anos com chuvas abaixo da média histórica, afetando a principal fonte da matriz energética do país.
A situação deve dificultar o reenchimento dos reservatórios das usinas hidrelétricas no período úmido, que começa em outubro. Isso ocorre porque as chuvas primeiro reabastecem a umidade do solo antes de contribuir para os níveis de água nos reservatórios, transformando-se em energia natural afluente (ENA), métrica que indica o volume de água que pode ser convertido em energia.
As bacias hidrelétricas do Paranaíba, Grande e Tocantins, que percorrem áreas do Sudeste, Centro-Oeste e Norte, e concentram grande parte da capacidade de armazenamento de energia no Brasil, registraram, em setembro, o pior nível de umidade de solo desde o início da série histórica da LSEG, em 2005. Segundo o analista da LSEG, Claudio Vallejos, 9 dos últimos 10 ciclos hidrológicos registraram chuvas abaixo da média de longo prazo.
A baixa umidade do solo também afeta outras bacias importantes, como as dos rios Tietê, Paranapanema e São Francisco, que estão entre as mais secas da história. “O solo funciona como uma ‘memória’ das chuvas, refletindo um histórico de déficit hídrico acumulado”, explica Vallejos.
Embora os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estejam em níveis confortáveis, com 53% de capacidade, a preocupação é que um novo período de chuvas abaixo da média possa levar a um rápido deplecionamento desses reservatórios. “Os reservatórios são o armazém de energia, mas o que faz a coleta da chuva para os reservatórios é o solo das bacias”, alerta Vallejos.
A seca já impacta a geração de energia em usinas da região Norte, como a hidrelétrica Santo Antônio, que teve operações paralisadas devido ao baixo nível do rio Madeira. A previsão meteorológica é de chuvas irregulares até meados de outubro, com melhora esperada apenas na segunda quinzena do mês.
A baixa ENA deve levar ao aumento do preço de liquidação das diferenças (PLD), referência para negociações de curto prazo e cálculo das bandeiras tarifárias, podendo impactar a inflação. Enquanto alguns analistas projetam bandeira tarifária vermelha até o fim do ano, outros apontam para possíveis reduções, dependendo do comportamento das chuvas nos próximos meses.
Fonte: Portal SGC