Ouvido pela Polícia, Maurão confirmou que esteve no local, alegando que portava uma bomba borrifador de veneno, mas que não chegou a utilizar
Polícia Militar registrou boletim de ocorrência policial contra o ex-deputado Maurão de Carvalho, acusado de atear fogo em quase 2 mil hectares de uma fazenda. A área corresponde a 20 milhões de metros quadrados, ou 166 mil campos de futebol. Foram lavrados diversos autos de infração, sendo que só um deles corresponde a uma multa de quase R$ 6 milhões.
De acordo com as investigações, o ex-deputado Maurão já esteve anteriormente envolvido em situações envolvendo desmatamento ilegal e queimadas. A desse boletim de ocorrência foi lavrado no último dia 20.
A equipe da PM esteve na fazenda Sossego, onde, aliás, o que pelo jeito não existe é sossego. Fica no km 901 da BR-364, no distrito de Vista Alegre do Abunã, zona rural de Porto Velho. Nas proximidades do Castelinho. Lá havia um grande foco de incêndio.
Na fazenda, os policiais encontraram um funcionário. Ele confirmou que a propriedade pertence ao ex-deputado Maurão de Carvalho. O funcionário disse que ateou fogo, mas somente em uma manobra corta-fogo, para evitar que o incêndio avançasse. A PM lavrou boletim de ocorrência com diversas acusações, citando várias leis ambientais.
Os policiais relatam que entraram em outra propriedade, de Enodes de Oliveira Neto, e conversaram com os funcionários, Francisco Antonio de Souza, Ricardo Mendonça da Silva e Carlos José Pereira da Costa. Francisco disse que estava na fundiária da fazenda tentando apagar um incêndio, pois na área havia 400 cabeças de gado, quando viu o Maurão chegando em uma caminhonete, e o funcionário do ex-deputado chegando em outra.
A declaração de Francisco foi confirmada por Ricardo e Carlos. Ele contou que Maurão utilizou um líquido que parecia ser gasolina para atear fogo na área desmatada, sobre a vegetação seca. Ricardo disse que pediu para Maurão parar com aquilo, porque Francisco estava na área de vegetação seca. Segundo ele, Maurão ignorou a informação.
Francisco contou aos policiais que, ao perceber que estava sendo cercado pelo fogo, saiu da área, e também viu Maurão e o funcionário dele incendiando o local.
Na residência do ex-deputado Maurão, em Porto Velho, a equipe da Polícia Militar encontrou a caminhonete branca descrita pelos acusadores. Ele confirmou que o veículo também é dele, e disse que a fazenda está em nome de sua esposa, Elizângela Aparecida Gonçalves de Carvalho.
Em sua defesa, Maurão disse que foi ajudar a apagar o fogo na fazenda, junto com alguns funcionários. O ex-deputado negou ter tocado fogo no local e disse que segurava uma bomba de veneno, que segundo ele nem chegou a ser usada.
Maurão também disse que foi ao local para retirar o gado da área que estava queimando, mas admitiu que o grupo não levou cavalos para isso.
Em relação às pessoas que o acusaram, o ex-deputado disse que não tem falado muito com elas, devido a um desacordo comercial.
Os policiais questionaram Maurão sobre o desmatamento ilegal de uma área de 678 hectares na fazenda, em 2021 e 2022. Maurão disse não saber do que se trata.
Enquanto isso o céu de Porto Velho está branco, coberto por fumaça resultante das queimadas. Pessoas com problemas respiratórios precisando de tratamento, e a prefeitura impedida de fazer uma campanha para tentar conscientizar a população, incluindo maus fazendeiros.
Obs: Em Rondônia todo mundo sabe que alguns fazendeiros desmatam grandes áreas, e depois, para gastar menos dinheiro para limpar o local, ateiam fogo. Pode não ser o caso de Maurão. Pode ser que alguém tenha desmatado a fazenda dele, algo que requer muito trabalho, sem que ele tenha visto. E também pode ser que, sem que ele soubesse, alguém tenha ido lá colocar fogo, para ajudá-lo. Um fã, quem sabe.
Fonte: Blogentrelinhas