A íntegra da coluna redigida por Robson Oliveira
INFIEL
O candidato a vereador pelo MDB, Junior Versátil, não perdeu tempo e no primeiro dia autorizado pela Justiça Eleitoral para campanhas cometeu a maior traição à legenda em que está filiado, ao participar de um ato eleitoral com a candidata a prefeita Mariana Carvalho (União Brasil), onde chegou a declarar e pedir votos para a filha de Aparício de Carvalho.
INFIDELIDADE
Como o MDB tem candidatura própria a prefeita, Euma Tourinho, e Junior Versátil, na convenção partidária, fez juras de amor à candidata do partido, ao participar de um ato político oficial da candidata adversária comete infidelidade partidária de forma deslavada.
VERSATILIDADE
A conduta de traição ao partido pode custar a expulsão de Junior Versátil do MDB, e o fim prematuro de se tornar edil pela legenda. A versatilidade do cabra é vedada pelo Código de Ética e os dirigentes do MDB estão propensos a abrir um procedimento interno para expulsá-lo da legenda. Infidelidade partidária na ótica da Justiça Eleitoral, restando comprovada, também tem sido fatal aos infiéis.
FUMAÇA
Na semana passada a capital ficou com o ar irrespirável em razão das queimadas que este ano ultrapassaram todos os limites toleráveis sem que os órgãos (principalmente estaduais) responsáveis pelo Meio Ambiente adotassem medidas severas para coibir o fogaréu criminoso. Não há uma única notícia de notificação contra proprietários responsáveis em tocar fogo como forma de preparação da terra para novos plantios.
IDEOLÓGICA
Enquanto a questão ambiental for tratada pelos nossos governantes como uma questão ideológica para atender aos interesses de uma casta atrasada do agronegócio, seremos obrigados a respirar um oxigênio contaminado. Os problemas respiratórios da população vão se multiplicar, junto com os recursos da saúde, que faltarão ainda mais em todas as frentes. A questão ambiental é um bem a ser protegido por todos, independentemente do que as pessoas professam como ideologia. Ela é a essência e indispensável à existência das atuais e futuras gerações, mas é vítima da ambição desmedida de um setor agrícola que quer o lucro fácil e imediato, mesmo que a ganância seja um péssimo negócio para si próprio e para a população.
LOROTA
Toda campanha possui nuances que os comitês eleitorais devem seguir para ajudar na campanha dos seus contratantes. Do marketing ao jurídico, passando pelo setor de mobilização, cada qual tem uma função importante na campanha que, bem coordenados, dão ao candidato a tranquilidade para fazer uma campanha proativa, reativa e consistente. Quando a crítica ao jurídico, por exemplo, vem de fora do comitê eleitoral é porque está incomodando. É função sim dos advogados incomodarem a campanha dos adversários, exigindo que todas as regras eleitorais sejam cumpridas para que a disputa não sofra desequilíbrio de um sobre o outro. Cada qual com as estratégias mais adequadas para suas campanhas. A campanha é um conjunto de atos, ações e reações. O resto é lorota.
ENGANADOR
Airton Gomes (PL), candidato a prefeito em Cerejeiras, ao processar um adversário, requereu o benefício da justiça gratuita, garantia constitucional do artigo 5º, LXXIV (da Constituição Federal), embora tenha declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio acima de 14 milhões de reais. A conduta do candidato do PL foi considerada acintosa pelo Poder Judiciário, uma vez que a gratuidade judicial é prevista na lei para proteger os pobres e necessitados, condições que não se aplicam a Airton Gomes. Uma atitude ilegítima que revela em síntese o caráter de um candidato que tenta engabelar a justiça; imagina o eleitor!
BOBAGEM
Não passa de uma baita bobagem aquelas perguntas denominadas de “coletes” com o objetivo de constranger o inquirido, especialmente quando ele é um político. Foi o que aconteceu com o candidato a prefeito da capital Célio Lopes (PDT) que não acertou nenhuma das perguntas escolhidas, não se sabe por quem, com a aparente finalidade de testar os conhecimentos do candidato sobre o município que se dispõe a administrar.
TOLICES
As cinco primeiras perguntas, este cabeça chata que reside na capital há mais de 40 anos também erraria. Isto não significa que desconheça os problemas comuns que afligem os munícipes. Acredito que Célio Lopes, natural de Porto Velho, conhece igualmente as deficiências municipais. A bobagem já foi testada sete anos atrás contra o então candidato Hildon Chaves que, na época, não recordava sequer o nome da rua em que residia e desconhecia as primeiras estrofes do hino rondoniense. Nem por isso Chaves deixou de cuidar do paço municipal e, atualmente, é aprovado pela maioria da população, embora acredite equivocadamente seja uma unanimidade. Aliás, corre a convicção no entorno do gabinete do alcaide que só existem duas unanimidades em Porto Velho: Deus no Céu, e Hildon na terra. Bobagem na política é material em excesso para todos os loucos. E entre os tolos.
LINGUAGEM
O Conselho Nacional de Justiça decidiu orientar os juízes sobre a importância de aplicarem em suas decisões uma linguagem menos rebuscada que seja compreensível ao homem médio, criando, portanto, um Selo Linguagem Simples. A decisão visa eliminar termos exageradamente formais com expressões incompreensíveis. Sai a complexidade para a entrada da simplicidade e objetividade.
ESCALAFOBÉTICA
Há textos em peças jurídicas totalmente incompreensíveis até para os profissionais mais novos, imaginem o cidadão comum que almeja seu caso definido de forma rápida e objetiva. “Inicialmente passa a gizar a dissensão em testilha, provocada pela indócil lidadora que vê increpada negativa de vigência da Lei dos Ritos, na alheta do ensino de processualistas de truz. De análises perfunctórias do caderno processual, tenho comigo, data vênia, que o judicioso representante do Parquet tem razão ao pressentir, na súplica de folhas, uma alteração de pretensão sub examine, exposta na peça de ingresso. Inobstante esse posicionar, o fato de o custos legis requerer, ao arrimo de intempestiva, o desentranhar da postulação de folhas, não faz condão à eiva de nulidade. Ex positis, hei por bem, como decidido tenho, em indeferir o pleito cônjuge virago”. Eis aí, com a clareza mais obscura, um texto escalafobético que dificilmente o destinatário consiga compreender, mas que o CNJ de forma inteligente busca coibir para que seja escrito no bom e compreensível português.
Por: Robson Oliveira