Robustez do país na agricultura o coloca no centro do desenvolvimento de tecnologias cada vez mais resistentes ao clima e tolerantes às pragas
Plantio bem-feito é metade do caminho para uma safra cheia. Essa velha máxima joga grande parte da responsabilidade dos resultados na semente. E não é para menos: ela é o principal insumo do produtor rural. O Brasil só atingiu o posto de potência agrícola global graças à tecnologia investida no produto a ser germinado na lavoura.
Mas engana-se quem pensa que este avanço tem vindo exclusivamente de fora para dentro, ou seja, dos Estados Unidos e da Europa para cá. Muitas vezes é justamente o inverso, como ocorre no Centro de Pesquisas de Palmas (TO), da Corteva Agriscience. É de lá que sai toda a pesquisa envolvendo sementes de milho, soja e sorgo para os demais países onde a multinacional atua.
De acordo com o líder da unidade, Regisley Durao, a ausência de inverno na capital do Tocantins permite a operação do centro em 365 dias do ano. Assim, o clima favorável possibilita a aceleração de todo o trabalho, até mesmo o encurtamento do ciclo da soja nas casas de vegetação, prontas em não mais que 90 dias.
“Cada país tem suas regras fitossanitárias, então, para exportar material genético de um para o outro, é preciso cumprir regras nesse sentido, por isso achamos importante centralizar a operação aqui em Palmas para assegurar a conformidade das regras de cada nação”, conta.
Esse intercâmbio de tecnologias também é voltado ao Brasil, já que o centro de pesquisas conta com uma estação quarentenária que recebe o germoplasma desenvolvido em outros países onde a empresa atua.
“Fazemos as análises em laboratório e em casa de vegetação para confirmar que esse material importado está livre de pragas e doenças, antes de ser disponibilizado para os nossos melhoristas, que, por sua vez, criam materiais ou produzem híbridos que serão utilizados em nosso país”, afirma Durao.
Rapidez no desenvolvimento de sementes
As grandes empresas de ciências agrícolas que atuam no Brasil vivem uma revolução nos últimos anos. Isso porque o desenvolvimento de novas sementes por métodos mais modernos possibilitam a aceleração de processos.
Antes, ao se considerar a soja, entre o cruzamento de variedades, desenvolvimento de linhagens e a execução de todos os testes até a etapa de envio do produto ao mercado, demorava-se, no mínimo, oito anos, podendo chegar a 15. Hoje em dia, esse tempo é encurtado de seis a, no máximo, nove anos.
“Conseguimos fazer todo o processo de forma mais assertiva e precisa, acompanhando as etapas com marcadores moleculares, utilizando tecnologias de predição, em que é possível prever por meio de dados qual será o desempenho da semente frente a uma doença específica, o comportamento dela em relação a um determinado ambiente”, destaca o líder do centro de pesquisas.
Segundo ele, isso vale até mesmo em casos de doenças que não são consistentes e ocorrem a cada três ou cinco safras, como é o exemplo da podridão de grãos de soja. “Hoje, é possível identificar a característica da semente suscetível à doença e mapear apenas as variedades que possuam as características de interesse sem depender do ambiente, sem precisar esperar que o problema se manifeste para que se consiga fazer o processo de seleção das melhores tecnologias para determinada área”, conta Durao.
Lançamento para tratamento de sementes
O tratamento de sementes industrial (TSI) abrangeu 51% dos produtores de soja na safra 2023/24, de acordo com estudo da Kynetec. Para o líder de Tratamento de Sementes da Corteva, Diego Rorrato, insumos com esse cuidado são a maior garantia de obtenção da tecnologia com maior produtividade, estabilidade, tolerância aos estresses da região e resistência às doenças.
E foi justamente voltado ao TSI que a empresa anunciou o lançamento do LumiTreo, um fungicida que traz na bula proteção contra cinco problemas comuns nas primeiras fases da cultura da soja: podridão vermelha da raiz, antracnose por transmissão via sementes, podridão seca e fungo típico de sementes e podridão radicular de fitoftora e oomiceto.
No entanto, o líder de Pesquisa e Desenvolvimento para Tratamento de Sementes da América Latina da empresa, Orlando Garcia, adianta que o objetivo é expandir a bula do fungicida para mais quatro doenças ainda neste mês de agosto. São elas: cercóspora, sclerotinia, aspergillus e macrophomina.
A nova solução conta com três ingredientes ativos: oxatiapiprolina, picoxistrobina e ipconazol, sendo os dois primeiros nunca antes usados em tratamento de sementes de soja.
Os testes para analisar a eficácia do produto foram realizados no Centro de Tecnologia para
Tratamento de Sementes (CSAT) da Corteva em Formosa, Goiás, o primeiro da empresa
na América Latina e segundo no mundo, o que também comprova o protagonismo do Brasil frente a outros mercados agrícolas.
*O jornalista viajou a convite da Corteva Agriscience
Fonte: Canal Rural