Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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TERRAS: Indígenas Guarani Kaiowá são atacados novamente por grupo armado

Pelo menos dez pessoas foram feridas, duas estão em estado grave

Indígenas da etnia Guarani Kaiowá, da região do município de Douradina, no Mato Grosso do Sul (MS), foram atacados por um grupo de pistoleiros no último sábado, 3. O grupo, que já havia tentado alertar as autoridades sobre as investidas, vêm sofrendo ataques desde o dia 22 de julho, por fazendeiros e jagunços que afirmam ter direito aos territórios ocupados pela etnia indígena.
 
Pelo menos dez pessoas foram feridas, duas estão em estado grave. Um indígena levou um tiro na cabeça e um outro no pescoço. Os dois estão em estado grave. Os feridos foram encaminhados para o Hospital da Vida, em Dourados. Segundo o Cimi, relatos de indígenas acusam a Força Nacional de ser conivente com o crime.

A área em conflito é chamada de Panambi-Lagoa Rica e já foi delimitada e reconhecida pela União como território ancestral dos povos originários. Os produtores rurais alegam serem proprietários legais da área utilizada para a produção de commodities no ramo da agricultura.
 
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Um indígena levou um tiro na cabeça e um outro no pescoço. Os dois estão em estado grave. Os feridos foram encaminhados para o Hospital da Vida, em Dourados. Segundo o Cimi, relatos de indígenas acusam a Força Nacional de ser conivente com o crime. Um disse ter ouvido de um agente a frase: “Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer”, pouco antes do ataque.
 
Outro indígena foi mais incisivo: “Queremos saber a razão da Força Nacional ter saído daqui. Os agentes saíram e o ataque aconteceu. Parece que foi combinado. Queremos entender”, disse ao Cimi.
 
O Ministério dos Povos Indígenas disse ter recebido as denúncias e enviado uma equipe da pasta e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para o território. O grupo foi acompanhado do Ministério Público Federal para prestar atendimento aos Guarani Kaiowá. A Secretaria de Saúde Indígena foi acionada para lidar com os feridos com menos gravidade. Um dos feridos segue em estado grave.
 
O secretário executivo do MPI, Eloy Terena, acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e pediu explicações sobre a retirada da Força Nacional do local. Também pediu que fosse garantida a permanência do efetivo no território, para evitar outros casos de violência. O MPI informou ainda que emitiu ofício para o diretor-geral da Polícia Federal solicitando investigação imediata sobre o ocorrido. O Comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar também foi acionado e disse ter reforçado o policiamento.
 
Segundo o Cimi, o ataque de sábado ocorreu mais precisamente na retomada Pikyxyin, uma das sete na Terra Indígena Lagoa Panambi, identificada e delimitada desde 2011. Um ataque já havia ocorrido no local na sexta-feira (2), sem ferir os indígenas.
 
Na quinta-feira, 1, um ruralista armado foi detido pela Força Nacional no local. O Cimi disse ter sido informado pela Defensoria Pública da União (DPU) que  entrará com representação para destituir o comando da Força Nacional em Mato Grosso do Sul.
 
Outro ataque
 
Já madrugada deste domingo, 4, o acampamento Esperança, onde vivem cerca de 300 famílias, em Dourados, a poucos quilômetros de Douradina, foi atacado e incendiado. Mantido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), integrantes do Esperança estiveram na Terra Indígena na última segunda-feiram, 29, para prestar solidariedade e levar mantimentos aos Guarani Kaiowá.

Fonte: revistacenarium

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